sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Cartas Abertas: Rem. Mihran Ask (“falso profeta”). Dest. CG e TJ®

 Com esta nova publicação crio uma novidade para a série “Cartas Abertas” na qual vou escrever como se fosse uma outra pessoa e vou buscar reproduzir aquilo que, muito provavelmente, seriam (ou até foram) os raciocínios e argumentos que tal pessoa utilizaria dentro do tema tratado.

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01/01/1975

Gilroy - CA

A todas as Testemunhas de Jeová (TJ) e

à sua Liderança.

            Sou Mihran Ask, pastor da Igreja “Igreja Remanescente em Gilroy” e escrevo esta carta a todas as TJ e para sua liderança, em razão dos fatos que passo a narrar.

            Recentemente tomei conhecimento que no ano de 1958 meu nome foi citado na Revista A Sentinela, em sua edição 15/10, p.613 (edição em Inglês) e em várias outras partes do mundo (como no Brasil, na edição de 1/3/59, p.133) e ali fui acusado de ser um “falso profeta”!

            Ao escrever esta carta meu objetivo é demonstrar (a exemplo do que fiz, com os membros de minha igreja) que não sou, em hipótese alguma, um falso profeta e minha expectativa é que após ter feito tal demonstração, este minha carta venha a ser publicada na Sentinela, juntamente com uma nota de retratação desta religião pela a injusta, difamatória e antibíblica afirmação feita contra minha pessoa.  

- Transcrevo o trecho da referida publicação (destaques acrescidos) no qual sou citado e, sumariamente, acusado:

“EM CERTO momento, entre 15 e 23 de abril de 1957, o Armagedon arrasará o mundo! Milhões de pessoas perecerão nas suas chamas e a terra ficará devastada.” Assim profetizou certo pastor da Califórnia, Mihran Ask, em janeiro de 1957.

Tais falsos profetas tendem lançar descrédito sobre o assunto do Armagedon. Seria um sério engano, porém, rejeitar levianamente o Armagedon por causa deles.

Não posso negar que, realmente, após muito estudo e oração eu estava muito convicto de que o Armagedon iria ocorrer entre as datas em que indiquei, tão convicto que, com tranquilidade, passei a pregar e a divulgar minha convicção, inclusive, no jornal do qual a revista transcreveu as aspas acima.

Ainda não consegui entender a razão pela qual o Armagedon não ocorreu no intervalo que indiquei e, embora ainda não tenha encontrado, certamente, cometi algum involuntário erro de cálculo.

Não obstante, como já afirmei, não posso, de forma alguma ser taxado de “falso profeta” e passo a expor 7 (talvez 8 ou mais) razões que provam, cabalmente, que tal acusação é absurda e por isso, requer retratação.

1 – A Bíblia, entre outros, fala sobre falsos profetas em Dt.18:20 a 22 que assim afirma:

 “‘Se um profeta presunçosamente falar em meu nome alguma palavra que eu não lhe mandei falar ou falar em nome de outros deuses, esse profeta deverá morrer. Mas talvez você diga no seu coração: “Como saberemos que Jeová não falou essa palavra?” Quando o profeta falar em nome de Jeová e o que ele disser não acontecer nem se cumprir, então Jeová não falou aquela palavra. O profeta a falou presunçosamente. Você não deve ficar com medo dele.’

Com base neste texto é possível entender um “falso profeta” como sendo:

um indivíduo ou uma organização que proclama uma ou mais mensagens que atribuem a uma fonte sobre-humana, mas que, não se originam do verdadeiro Deus e não estão em harmonia com a sua vontade revelada.

Pela definição já fica claro que não sou um falso profeta, pois, eu nunca me reivindiquei um profeta de Deus, ao pregar que o Armagedon ocorreria entre as datas que indiquei, nunca afirmei que minhas palavras eram, na verdade, palavras do próprio Deus e que eu apenas as estava reproduzindo e, a maior prova disso, é que Deus sabe, exatamente, o ano, o mês, o dia, a hora, o minuto e os segundos em que iniciará o Armagedon, logo, se estivesse falando as palavras do próprio Deus, certamente, eu teria sido muito mais preciso do que indicar um intervalo de tempo entre duas datas.

            2 - Um mero erro de cálculo ao falar sobre um evento bíblico não transforma ninguém em falso profeta, afinal, olhando para a Bíblia e possível perceber que:

verdadeiros profetas predizem algo que irá ocorrer, mas podem não entender exatamente quando e como sucederá.

Notem:

- Dan. 12:9: “Vai, Daniel, porque as palavras são guardadas em segredo e seladas até o tempo do fim.”

- 1 Ped. 1:10, 11: “Os profetas . . . investigaram que época específica ou que sorte de época o espírito neles indicava a respeito de Cristo, quando de antemão dava testemunho dos sofrimentos por Cristo e das glórias que os seguiriam.”

- 1 Cor. 13:9, 10: “Temos conhecimento parcial e profetizamos parcialmente; mas, quando chegar o que é completo, será eliminado o que é parcial.”

- Pro. 4:18: “A vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido.”

            O Armagedon irá ocorrer, isso é certo, é uma realidade bíblica, logo, a mera incompreensão de quando se dará este fato, não transforma alguém em falso profeta, como se vê pelos textos citados.

3 – A Bíblia também revela que Apóstolos e Discípulos de Cristo tinham expectativas erradas, mas a Bíblia não os classifica como “falsos profetas” em razão disso. Notem:

- Lucas 19:11 – Os discípulos pensavam que o Reino de Deus iria aparecer instantaneamente.

- João 21:22 e 23 Com base em uma fala de Jesus as pessoas passaram a pensar que um discípulo não iria morrer.

            Ter falsas expectativas é natural do ser humano e isso não lhe confere um certificado de “falso profeta”.

            4 – Um verdadeiro profeta pode profetizar algo incorreto e pode se corrigir (como tenho feito) e, ao assim fazer, prova que não se é um falso profeta!

A Bíblia tem um exemplo notável disso:

            Ninguém duvida que Natã era um verdadeiro profeta de Deus, não obstante, ele incentivou a intenção do Rei Davi de construir um templo para Deus, porém, esta não era a vontade de Deus, assim, Deus determinou a Natã que informasse a Davi que ele não faria tal construção.

Notem! Deus não rejeitou a Natã por ter profetizado, incentivando Davi a construir um templo que Deus não queria que fosse construído por ele, pelo contrário, continuou usando Natã porque ele se corrigiu com humildade (ver. 1 Cro. 17:1-4, 15), como também fiz na igreja em que sou pastor.

5 – Minha pregação, que chama a atenção e deseja por ver o cumprimento daquilo que irá se cumprir,  revela apenas que esperei para mais cedo aquilo que consta no cronograma de Deus, e isso revela alguém que crê e prega tudo o que a Bíblia diz e não só as bençãos que ela contêm (como muitos fazem) mas, também, os eventos trágicos que ela descreve.

Isso revela uma pessoa de fé que trata publicamente de temas difíceis e impopulares e não um falso profeta!

6 – No que minha previsão prejudicou a vigilância para o Armagedon?

Será que a partir de minhas palavras as pessoas vão se esquecer completamente ou vão se lembrar ainda mais do Armagedon?  

Será que alguém irá deixar de acreditar que estamos vivendo “nos últimos dias” por causa de minhas palavras ou passarão a acreditar que Deus não vai mais permitir uma “grande tribulação”?

Obviamente que não!

Minhas palavras, ainda que equivocadas em um pequeno detalhe, trazem o tema Armagedon à atenção e Deus quer que as pessoas não se esqueçam deste futuro e muito próximo evento, assim, não fiz nenhum desfavor ao reino de Deus, pelo contrário, trouxe à atenção algo que Deus quer que esteja na atenção de todos os que o seguem.

7 - A necessidade de revisar um detalhe no entendimento sobre um evento que irá ocorrer não me torna um falso profeta, nem muda o fato de que estamos vivendo “nos últimos dias”, não impede que presenciemos em breve a “grande tribulação”, pelo contrário, como já afirmei, só a destaca esta realidade!

(8) – Conhecem a expressão:

“quem tem teto de vidro não deve atirar pedras no teto do outros”?

Eu tinha muito pouco conhecimento sobre a religião de vocês e por isso não posso falar muito sobre ela, não obstante ter ouvido alguns rumores, mas, pela revista Sentinela na qual fui citado, noto que as TJ também falam sobre o Armagedon, sendo assim, será que se procurar na história desta religião não irie encontrar alguma data que foi indicada para ocorrência do Armagedon ou de algum outro evento descrito na  Bíblia?

Se encontrar vou voltar a lhes escrever, não para acusar, mas sim, para questionar como foram capazes de “atirar pedra” mesmo tendo “teto de vidro” e, principalmente, para saber as razões que os eximem de serem aquilo que me acusaram.

Assim, esta oitava (ou mais)  razões, se existirem, será usar em meu favor todos os argumentos que vierem a utilizar em favor de vocês.

Para encerrar, estou certo que vocês conhecem o texto de Mateus 7:1, que assim afirma:

“Parem de julgar, para que não sejam julgados”

Ninguém desta religião me procurou para saber o que eu tinha a dizer depois e, muito menos, antes de espalharem para todo este país e para vários países do mundo que eu sou um falso profeta, não tive nenhuma chance de defesa, vocês me julgaram, me condenaram e expuseram a sentença em público!

- Quão cristão é isso?

- É assim que devemos agir em relação a outras pessoas?

- É assim que vocês agem em relação a todos que não são TJ?

Não se esqueçam do verso 2 de Mateus 7, não se esqueçam que o julgamento ali mencionado não será humano, mas sim, de Deus, é Ele que os irá julgar com a mesma medida que usaram para me julgar!

Independentemente de vir a lhes escrever novamente, peço que esta minha carta seja publicada na Sentinela, juntamente com uma nota pedindo perdão pela difamação que promoveram contra minha pessoa.

Pior que “errar feio”, é ter a chance

 de se retratar e não fazê-lo.

Era isso que tinha a expor e requerer.

 

Neste momento, bastante descontente:

 

Pr. Mihran Ask.

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Leitor TJ, você concorda com os argumentos do Pastor, no todo ou em parte? Te convido a dizer no que concorda e no que discorda. Te convido também a responder às questões que estão ao meio ao texto, em especial, àquelas que estão em azul acima. Você continua concordando em 100% com aquilo que afirmou A Sentinela, mesmo após ler a carta acima? Conte-me por quê. Você acha que ao CG deve pedir perdão (ainda que póstumo) ao Pastor e aos familiares dele? Por quê? Você concorda que sua religião será julgada por Jeová com a mesma medida que usaram para julgar o Pastor? Encontrou algum erro de escrita que requerer correção? Diga-me onde está que eu corrijo. Para responder um, alguns ou todos os itens acima, deixe uma mensagem no e-mail 1tessalonicenses5:21@gmail.com ou no próprio Blog. Desde já, agradeço.

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