sábado, 2 de março de 2019

VELOZES E AMOROSOS IV: UM DOGMA DO CORPO GOVERNANTE®

Em um outro artigo deste Blog mencionei uma critica que o Corpo Governante (CG) das Testemunhas de Jeová (TJ) aproveita (critica feita por um teólogo católico já falecido), que será bastante pertinente dentro do tema que pretendo trazer à atenção aqui. Explico:
A Igreja Católica e os Católicos têm (entre outras) uma difícil explicação a dar que nasce da junção de dois fatores:

1 – Ser fato inegável que os Papas, ao longo dos tempos, falharam “adoidadamente”! Seve de exemplo disso: a Inquisição, as Cruzadas e o caso envolvendo Galileu Galilei.

Não obstante, no Concilio do Vaticano I, veio a se tornar oficial o segundo fator a que me refiro, qual seja:

2 – Foi definido como dogma de fé: A Doutrina da “infalibilidade papal”
                               Diante de tais fatores surge a dúvida: Como defender a doutrina                 da infalibilidade papal diante do imenso histórico de erros dos                 papas?
            Como o dogma surgiu após já existir uma longa lista de erros, o mesmo já foi elaborado de tal forma a trazer uma solução para o problema. Vejamos a forma como isso se deu, conforme exposto na Revista Despertai:

São infalíveis os papas?
‘O DOGMA de que depende o triunfo do Catolicismo sobre o racionalismo.’ Em 1870, foi assim que o periódico jesuíta La Civiltà Cattolica aclamou a promulgação solene do dogma da infalibilidade papal, no Concílio Vaticano I.

Na linguagem teológica católica, “dogma” refere-se a doutrinas que têm “valor absoluto e são inquestionáveis”. A definição exata de infalibilidade papal, segundo aprovada pelo concílio de 1870, declara:

“É um dogma divinamente revelado que o pontífice romano, quando fala ex cathedra, isto é, quando atua no cargo de pastor e instrutor de todos os cristãos, ele define, em virtude de sua suprema autoridade apostólica, uma doutrina a respeito da fé ou da moral a ser aceita pela igreja universal, possui, por meio da assistência divina que lhe foi prometida na pessoa do bendito Pedro, a infalibilidade com a qual o divino Redentor dotou sua igreja, em definir a doutrina a respeito da fé e da moral; e que tais definições do pontífice romano são, por conseguinte, irreformáveis em si mesmas, e não por causa do consentimento da igreja.” (Despertai 8/2/89, pp. 3-4)

Logo na sequência, a revista inicia um novo subtópico, que revela como a formulação do dogma já foi pensada para resolver o problema que indiquei:
                              Situação sem Perdas
Esta fórmula, que muitas pessoas têm dificuldade de entender, é também imprecisa, de acordo com certo teólogo alemão, o falecido August Bernhard Hasler. Ele mencionou a “imprecisão” e “indeterminação” da expressão ex cathedra, dizendo que “quase nunca se pode dizer quais as decisões que devem ser consideradas infalíveis”. Segundo outro teólogo, Heinrich Fries, esta fórmula é “ambígua”, enquanto Joseph Ratzinger admitiu que o assunto tinha dado origem a uma “controvérsia complicada”.
Obs - Joseph Ratzinger veio a se tornar o Papa Bento16.

Logo na sequência o CG cita novamente o teólogo católico Hasler a fim de “tomar por empréstimo” a critica que o mesmo fez à formulação de tal dogma:

Hasler sustentava que “a imprecisão dos conceitos” permite tanto uma aplicação extensiva do dogma, a fim de ampliar o poder do papa, como uma interpretação mais limitada, de modo que a pessoa, quando confrontada com ensinos errados do passado, sempre possa apoiar a afirmação de que estes não eram parte do chamado “magistério” infalível.

Com base em tal pensamento de Hasler, conclui o CG (de forma correta e até jocosa):
Em outras palavras, é uma situação em que “se der cara eu ganho, se der coroa você perde”.

O CG e as TJ (em especial após fev/2017) também têm (entre outras) uma explicação difícil a dar, que surge na junção de dois fatores:

1 – É fato inegável que o CG, “o canal de comunicação de Jeová”, tem uma longa lista de ensinos (abaixo vou citar uma Sentinela na qual isso é expressamente confessado), que já defendeu como sendo “verdades bíblicas” e que hoje se encontram totalmente abandonados (como exemplo, cito a famosa doutrina relacionada à “Pirâmide de Gizé” que a Sentinela e outras publicações das TJ identificavam como sendo o monumento mencionado pelo profeta Isaias (Is. 19:19) e, portanto, a “pedra de testemunho de Deusque confirmava períodos bíblicos.
Ocorre que cerca de 50 anos depois do “canal de comunicação de Jeová” ter enfatizado, em diferentes literaturas este ensino, uma Sentinela passou a denominar a mesma pirâmide como sendo a “Bíblia de SATANÁS” e o livro “TJ Proclamadores” sugere que essa questão relacionada à pirâmide levou as TJ a se envolver com “adoração falsa”!
Obs - Para mais informações leia o Artigo deste Blog intitulado: “Verdade Atual?”)!   

2 – O fato do CG ensinar que ele é o “único canal de comunicação que Deus usa”.
No confronto destes dois fatores surge o problema que é até mais grave que o enfrentando pelos católicos, pois, os papas não são infalíveis mas, Jeová é, assim, como quem fala em “uma das pontas” do “canal de comunicação de Jeová” é, obviamente, o próprio Jeová, aquilo que chega na “outra ponta” de tal canal de comunicação só pode ser A VERDADE (afinal as palavras de Jeová são: A VERDADE – Jo. 17:17).
         Se procurarmos na literatura do CG vamos encontrar, com maior ou menor ênfase, exatamente, a lógica sublinhada acima. Uma das afirmações mais enfáticas que conheço neste sentido é: 
          11(...) Quão importante, então, é aderir à organização de Jeová, semelhante a um canal, e evitar a associação com pessoas que ensinem doutrinas contrárias ao que recebemos mediante o “escravo  fiel e discreto” QUE JEOVÁ USA hoje em dia para prover constante fluxo de VERDADE espiritual para o seu povo. — Mat. 24:45-47; Pro. 4:18. (S.15/1/65. P.50, §11)

Mas notem como o dilema para as TJ aparece cristalino quando confrontamos a Sentinela de 1965 acima citada com esta outra:

12O Corpo Governante não recebe revelações da parte de Deus nem é perfeito. Por isso, ele pode cometer erros aos explicar assuntos da Bíblia ou ao dar orientações. Tanto é que no Índice encontramos o assunto “Esclarecimento de Crenças”, com uma LISTA de ajustes em nosso entendimento da Bíblia desde 1870. Na verdade, Jesus não disse que o escravo ia dar alimento espiritual perfeito. (S.2/2017, p.26)

Assim como as TJ perguntam aos Católicos sobre o dogma da infalibilidade papal, agora pergunto às TJ (em especial as que lerem este artigo):
                - Tudo aquilo que o CG ensina, enquanto "canal de comunicação de Jeová", promove um:

...constante fluxo de VERDADE espiritual para o seu povo
conforme garantiu o “canal de comunicação de Jeová” na Sentinela de 1965 ou o correto é crer naquilo que ensinou este mesmo “canal de comunicação de Jeová” ao afirmar o CG comete:
...erros aos explicar assuntos da Bíblia ou ao dar orientações e
...Na verdade, Jesus não disse que o escravo ia dar alimento espiritual perfeito? (como revelou, insisto, o mesmo “canal de comunicação de Jeová” em 2017)?

As TJ precisam tomar uma decisão quanto a isso, afinal, segundo a lógica e o próprio CG:
19A verdade não admite a existência de todas as espécies divergentes de doutrinas religiosas no mundo. Por exemplo, ou os humanos têm uma alma que sobrevive à morte do corpo, ou não têm. Ou (...). Essas e muitas outras crenças ou são certas, ou são erradas. Não pode haver duas verdades, quando uma não concorda com a outra. Ou uma ou a outra é verdadeira, mas não ambas. Crer sinceramente em alguma coisa e praticá-la não a torna certa, se realmente for errada. (Lv. Poderá Viver... p.32)

Falta ao CG enunciar seu dogma de tal forma que (na teoria) fique semelhante ao dogma católico, isso é, lhe permita uma situação sem perdas, aquelas nas quais:
dê cara ou coroa, o CG vence!

              Na prática, porém, a ausência de formulação deste dogma não tem feito (via de regra) o CG perder (“dê cara ou na coroa”) nada em relação às TJ, pois, para elas: mesmo sem chamar de dogma, mesmo sem formulação e mesmo sendo 100% contraditório, o CG ser “o canal de comunicação de Jeová” é um verdadeiro Dogma, pois, se encaixa com perfeição na definição de dogma, isso é:
        ...doutrina que têm “valor absoluto e é inquestionável
Vejam se procede essa afirmação:

NÃO REJEITE A DISCIPLINA DE JEOVÁ
14Hoje, Jeová usa a Bíblia e sua organização para nos moldar. (2 Timóteo 3:16, 17) Nós devemos aceitar com gratidão qualquer conselho ou disciplina que recebemos por esses MEIOS. Não importa há quanto tempo somos batizados ou que privilégios temos na congregação, devemos continuar a obedecer aos conselhos de Jeová. Quando deixamos que Jeová nos molde dessa forma, nós podemos nos tornar o tipo de pessoa que ele deseja que sejamos. (S.15/6/13 – p.25).
           Conforme confessou o CG, o mesmo erra: ao dar conselhos e ao tratar da Bíblia e nem Jesus garante (não obstante haver tal garantia em Mt. 24:45) que o CG fornece alimento perfeito, não obstante, tudo que o mesmo determinar deve ser recebido com gratidão pelas TJs, pois, os “MEIOS” (Jeová e o CG), na verdade, têm a mesmíssima autoridade, obedecer “o conselho de Jeová” e obedecer o “conselho do CG” é a mesma coisa, até porque, Jeová não fala de forma direta e individualizada com cada TJ, Ele fala por intermédio de seu “canal de comunicação”.
 Ao conseguir incutir este DOGMA na mente das TJ o
CG consegue o mesmo que a Ig. Católica, isso é, uma
situação sem perdas mas, para as TJ, eu pergunto:
SEM PERDAS PARA QUEM?
------------------------
Quer discordar que o CG tenha o dogma apontado? Quer comentar? Quer discordar (no todo ou em parte)? Quer sugerir alguma melhora no texto? Quer indicar alguma necessária correção gramatical?


Escreva para mim - 1tessalonicenses5.21@gmail.com (desde já, agradeço).

Nenhum comentário:

Postar um comentário