É
muito comum encontrar, nas publicações da Sociedade Torre de Vigia (STV), a afirmação
de que líderes religiosos (obviamente, que não sejam Testemunhas de Jeová – TJ)
são falsos profetas. Tais acusações, porém (pelo menos até onde saiba e pude
pesquisar) são sempre despersonalizadas, isso é, não se dá “nome ao boi” ou
“aos bois”.
Só
conheço uma publicação na qual o Corpo Governante (CG) nominou e “agraciou” uma
pessoa (o Pastor de uma igreja) com o título (direto e certeiro) de “falso
profeta”.
Como veremos mais abaixo, na Sentinela em que assim o fez, o CG se limitou a informar
o nome, reproduzir as (poucas) palavras usadas na formulação da profecia (que se
referia a um intervalo entre duas datas, na qual ocorreria o Armagedon, o que,
obviamente, não ocorreu), a fonte de
onde retirou as palavras transcritas e, apenas com base nisso, “cravou” que o Pastor
é um - falso profeta.
As
informações que consegui encontrar na internet sobre tal Pastor são poucas e
repetidas logo, não há elementos extras ao que consta da Sentinela que permitam
entender melhor em que contexto se deu a “profetada”, mas, estou certo que
todas as TJ irão concordar que isso seria irrelevante aqui, pois, apenas aquilo que
consta da Sentinela na qual o “título foi concedido” já era mais que suficiente
a permitir ao CG fazer o “diagnóstico” (certeiro) que fez.
Antes de tratar, especificamente, de tal falso
profeta e de sua falhada profecia, vou citar duas outras afirmações do CG
relacionada ao tema:
A - Revista Despertai
de 22/4/1969, p. 23: Embora sem citar nomes, esta revista reafirmou que
o referido Pastor foi um falso profeta, nos seguintes termos:
“É verdade,
houve aqueles que, em tempos passados, predisseram um “fim do mundo”, até
mesmo anunciando uma data específica”. O fim não veio. Eram culpados de profetizar falsamente. (...)”
B – Livro
“Raciocínios à Base das Escrituras” (p. 160): Não obstante estar abaixo do
Título “Falsos Profetas”, um dos subtítulos afirma:
O que os profetas verdadeiros
predizem acontece, mas podem
não entender
exatamente
quando e como
sucederá.
Obs – Abaixo deste subtítulo
o livro fornece uma sequência de versos bíblicos que visam dar base à afirmação.
- Discordo, tanto da
afirmação (no sentido pretendido no livro – servir, em alguma medida, de “desculpa”
ao profeta caso a profecia não se dê, tal e
qual, profetizada) e dos textos citados para comprová-la, porém, como
é possível usá-la (em uma interpretação a “contrario sensu”) para identificar um falso profeta, resolvi a utilizar, até porque, estou certo que
ninguém que ler este artigo irá concluir que, aplicando a afirmação do Lv. Raciocínios ao referido Pastor
fica
claro que, na verdade, a
Sentinela
errou ao taxá-lo
de “falso profeta”,
afinal, à contrario
sensu do subtítulo que destaquei, pouco importa se o falso profeta sabe (ou
pelo menos acha que sabe) como se dará o
evento que profetizou e se sabe exatamente quando ele ocorrerá, afinal, basta
que o evento profetizado não aconteça para
que tenhamos um falso profeta (conclusão que tem total apoio bíblico no texto
de Dt. 18:21-22).
Dito isso, vejamos o único exemplo que conheço no qual a
Sentinela nominou aquele a quem atribuiu o título de falso profeta.
"EM CERTO momento, entre 15 e 23 de abril de 1957, o Armagedon arrasará o mundo! Milhões de pessoas perecerão nas suas chamas e a terra ficará devastada.” Assim profetizou certo pastor da Califórnia, Mihran Ask, em janeiro de 1957.1
Tais falsos profetas tendem lançar descrédito sobre o assunto do Armagedon".
S.1/3/59, p.133
Obs - De extra sobre o
referido Pastor, o que conseguir encontrar na internet foi: a
informação de que ele nasceu em 20/3/1886 em um local chamado Shabin Karahisar (segundo o google maps, isso
fica na Turquia); que foi pastor de uma igreja evangélica chamada “Igreja
Remanescente em Gilroy” (uma cidade da Califórnia); que foi candidato a
presidente dos EUA em 1964, que teria recebido "fantásticos” 10 votos e, por
fim, que morreu em 6/2/79 (vivendo, portanto, cerca de 93 anos), na cidade de
Morgan Hill, também na Califórnia.
Agora vamos as razões pelas quais o pastor foi tachado
de “falso profeta”: Das poucas informações que temos, creio que os elementos
que permitiram ao CG a atribuição do desagradável (e verdadeiro) título foram
(em ordem crescente de importância):
- O fato de ser
(ou pelo menos se dizer ser) um Pastor (Pastores reivindicam que têm um chamado
especial de Deus, chamado mencionado pelo Ap. Paulo em Ef. 4:11), portanto,
alguém que se diz um “representante autorizado” de Jeová na terra.
- O fato de ter,
na qualidade de Pastor, fixado uma data para um evento mencionado na Bíblia.
- E, o ponto
mais importante que, sozinho, já é suficiente a justificar a atribuição do
título de falso profeta - o fato do evento bíblico não ter ocorrido na data ou período
marcado.
Pelo menos o último
ponto acima têm total apoio da Despertai
citada, pois, o CG identifica aos que chama de falsos profeta, não em razão de
alguma reivindicação que faziam quanto a serem “porta vozes de Jeová” mas
apenas pelo fato de terem marcado datas nas quais não se cumpriu o que profetizaram
(...houve aqueles que, em tempos passados,
predisseram um “fim do mundo”, até mesmo anunciando uma data específica”...), assim, segundo a Despertai citada, a indicação de uma data
específica é mais que suficiente para que o CG acertasse ao afirmar que eram: ...culpados de
profetizar falsamente. (...)”
Em
relação à afirmação do Lv. Raciocínios ela, no fundo (e a contrario sensu),
também confirma que o CG acertou em sua conclusão sobre o Mihran Ask e todos os
demais que marcaram datas para o fim, são falsos profetas, afinal, as poucas
palavras que o CG transcreveu para concluir que seu escritor foi um falso
profeta, revelam que:
O que os profetas (não)verdadeiros predizem
(não) acontece, mas podem sendo irrelevante
se não entender[em]
exatamente
quando e como
sucederá.
Embora não tenha sido
relevante para o CG, a fim de classificar Mihran Ask como falso profeta,
observo que naquilo que conhecemos de sua profecia, foram dados apenas alguns
poucos detalhes de como se daria aquilo que profetizou e ele não sabia,
exatamente, quando se daria o evento (propôs não uma data, mas sim, um
intervalo de tempo entre duas datas) mas, repito, tudo isso é
irrelevante, pois, o que profetizou, não aconteceu.
Obs – Obviamente, não
podemos deixar de concluir que Mihran Ask foi um falso profeta em razão
de:
- ter profetizado sobre
um evento que a Bíblia, realmente, prevê (se assim fosse, haveria um meio muito
fácil para qualquer falso profetas burlar Dt. 18:21-22, fugindo do título de
falso profeta – bastaria profetizar sempre tendo em vista um evento bíblico
futuro) e, muito menos
- entender que, como o
Armagedon vai, realmente, ocorrer algum dia, então, quem fixa uma data que vem a se mostrar falsa, não é um falso
profeta mas apenas alguém que errou os cálculos (se assim fosse, mais uma vez, se
faria “letra morta” os dois versos bíblicos do Antigo Testamento acima
citados)!
Além disso, o Novo
Testamento, nos traz uma verdade bíblica absoluta sobre este tema:
Um profeta, se verdadeiro for, nunca marcará
datas para eventos que Jeová reservou só para si, afinal, não é possível que um
verdadeiro profeta de Jeová, na era pós apostólica, desconheça que:
“Não vos cabe obter
conhecimento dos tempos ou das épocas que o Pai tem colocado sob a sua própria
jurisdição... (At. 1:7)
Ora! Para tais “tempos e épocas” Jeová não comissiona
profeta algum, logo, se alguém que se afirma profeta, profetizar sobre tais
“tempos e épocas” anunciando “até mesmo uma data específica” – nada mais precisa ser avaliado, tal
profeta será tão verdadeiro quanto uma cédula de três reais e cinquenta
centavos!
Tal
realidade, por si só, deixa evidente que esteve absolutamente certo o CG quando
afirmou (em 1963):
“É verdade, houve aqueles que, em tempos passados,
predisseram um “fim do mundo”, até mesmo anunciando uma data específica”. O
fim não veio. Eram culpados de profetizar falsamente.
Assim sempre foi e assim sempre será, em
especial, para Mihram Ask e qualquer outro falsário que anunciou ou vier a
anunciar “data ou datas para o fim” – serão todos culpados de profetizar
falsamente!
Embora sem ter obtido muitas informações sobre
Miharam Ask, posso presumir, considerando a natureza humana, que o mais provável
é que ele tenha tentado justificar seu fracasso profético, de tal forma a não
parecer que fosse um falso profeta e, com base nesta presunção, pergunto:
-
Mihran Ask (ou qualquer outro profeta atual, que marcou uma ou mais datas para
eventos bíblicos) teria alguma justificativa a dar capaz de fazer você, leitor
deste artigo, concluir, sem desprezar Dt. 18:20-21 e At. 7:1, que ele não foi
um (legítimo) FALSO PROFETA?
Pense nisto e me escreva respondendo à pergunta
acima.
--------------------
Responda, Comente, Complemente, Discorde,
Critique e, se encontrou algum erro de grafia no texto, aproveite para indicá-lo
para mim. Desde já, agradeço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário