“Análise de Mt. 24:45-47 e
Lucas
12:42-44”
Neste artigo trato de revelar mais uma mentira do
Corpo Governante (CG) das Testemunhas de Jeová (TJ): A afirmação de que não é inspirado (como eram os escritores
bíblicos).
Quanto a isto, minhas observações permitem
identificar três realidades, quais sejam:
- Realidade Histórica: Quem conhece o histórico de mudanças de entendimento que o CG teve e
continua tendo ao longo dos (mais de 100) anos de existência, sabe que o CG não
é inspirado (isto é um fato).
- Realidade
Teórica: Já no plano do teórico, a partir das
reivindicações que faz, a partir da posição que diz ocupar e dos textos
bíblicos que afirma, se aplicam única e exclusivamente a ele, a única
conclusão possível é:
o CG é INSPIRADO
(não há uma
3ª possibilidade lógica)
mas, não obstante, há uma 3ª realidade que a
observação (por mais ilógico que isto possa parecer) revela (e isto também é um
fato) a:
- Realidade entre as TJ: Entre elas algo incrível ocorre:
Embora
saibam e confessem que o CG não é inspi-
rado, aceitam todas suas afirmações como
tendo a autoridade de inspiradas!
Em outras
palavras: quando uma TJ afirma que o CG não é inspirado,
isso se dá só “da boca para fora”, na prática, elas aceitam todos os escritos
do CG como sendo inspirados ou, pelo menos, como tendo a mesma autoridade da Bíblia e é exatamente nisso que se
revela a genialidade do CG! Consegue fazer que pessoas racionais e coerentes
aceitem e vivam uma mentira quando se considera o que falam e o que vivem sobre este tema!
Entre
as duas realidades (fática e teórica) aquela que o CG escolheu para endossar
EXPRESSAMENTE (o que faz raramente) foi a Realidade Fática, isto é, afirma que:
NÃO É
INSPIRADO.
Por outro
lado, a fim de criar e manter a autoridade sobre as TJ o CG tem uma “enxurrada” de publicações (fazendo parte destas, todas as inúmeras vezes que Mt. 24:45 é citado) nas quais, em outra palavras, mas de forma claríssima, afirma ser absolutamente inspirado!
O
que nos interessará “trabalhar” neste o no próximo artigo serão as Realidades Teórica
e Fática apontadas no início, pois, tal analise irá revelar mais esta útil
mentira usada pelo CG:
– faz afirmações que, claramente, indicam que tem INSPIRAÇÃO DIVINA, porém, nas poucas vezes
que se manifesta expressamente sobre o tema – nega que seja inspirado!
Um bom indicativo de que o CG não faz questão de
ficar repetindo, o tempo todo, que não é inspirado está em uma Revista
Despertai de 1993, revista que faz um apanhado das citações anteriores (em mais
de 100 anos de publicações) no qual se negou a inspiração. Veja abaixo:
As Testemunhas de Jeová, devido ao seu
anseio pela segunda vinda de Jesus, sugeriram datas que se mostraram
incorretas. Por isso, há quem as chame de falsos profetas. No entanto, nunca nesses casos
presumiram que suas predições eram feitas ‘no nome de Jeová’. Nunca disseram:
‘Estas são as palavras de Jeová.’
Obs
- Como comentei em outro artigo deste Blog (Dialogando - Não São Falsos Profetas? I ®),
no qual também trato desta mesma Despertai (artigo pelo qual iniciei a resposta
a um[a] leitor[a] que me escreveu e enviou um texto que defende que o CG não é
falso profeta), é muito sintomático o uso da expressão “nunca nesses casos” que se vê em destaque acima!
Tal
expressão indica que o CG só não fala “em nome de Jeová” quando faz alguma
profecia que vem a falhar mas, quando
apregoa coisa diversa de profecia ou quando a profecia feita – alegadamente -
se cumpriu (como teria ocorrido com a profecia feita para o ano de 1914) aí não
há qualquer receio de afirmar que Jeová fala por intermédio do CG!
Como
afirmei naquele artigo, assim fica fácil se dizer verdadeiro profeta de Jeová,
afinal: se “der ruim” naquilo que afirmou este alegará que aquelas não foram palavras
de Jeová mas, se “der bom” no que disser aí irá defender que Jeová fala por intermédio dele (em
outras palavras: se der “cara” o CG ganha e se der “coroa” o CG vence)!
Continuando a citação
da Despertai:
The Watchtower (A Sentinela), publicação
oficial das Testemunhas de Jeová, já disse: “Não temos o dom da profecia.”
(Janeiro de 1883, página 425) “Nem desejamos que os nossos escritos sejam
reverenciados ou considerados infalíveis.” (15 de dezembro de 1896, página 306)
A Sentinela disse também que terem alguns o espírito de Jeová “não
significa que os que servem agora como testemunhas de Jeová são inspirados. Não
significa que os escritos nesta revista A Sentinela são inspirados e
infalíveis e sem erros”. (Setembro de 1947, página 135) “A Sentinela não
se diz inspirada em suas pronunciações nem é dogmática.” (15 de agosto de 1950,
página 263) “Os irmãos que preparam essas publicações não são infalíveis. Seus
escritos não são inspirados assim como eram os de Paulo e dos outros escritores
bíblicos. (2 Tim. 3:16) E assim, às vezes, tornou-se necessário corrigir
conceitos, conforme o entendimento se tornou mais claro. (Pro. 4:18)” — 15
de agosto de 1981, página 19.
22/3/93 p.4
A Despertai citada fez um apanhado de citações que negam a inspiração, iniciando em 1883
e até 1993 listou apenas 5 exemplos de publicações nas quais se afirmou,
expressamente, que suas palavras não são inspiradas.
Podem existir outras publicações nas quais se nega a inspiração (eu, após 1993, só conheço mais uma) e mesmo que ainda existiam mais algumas, quando as comparamos com o número de publicações que reclamam, claramente, a
inspiração divina, vemos que a negativa é raríssima enquanto afirmativa é por
demais abundante (como irei comprovar na segunda parte deste artigo).
- REALIDADE TEÓRICA: Quem faz as alegações e reivindicações que o CG faz, na verdade, não se
pode dar ao luxo de negar que seja inspirado, a não ser que seja para mentir
com muita gana de determinação e como é exatamente assim o que o CG faz, para
quem não é TJ e, portanto, não tem o CG por dono da própria fé:
A MENTIRA “SALTA, VIOLEN-,
TAMENTE, AOS OHOS”!
Neste
primeiro artigo vou citar a mais forte e constante reivindicação de
inspiração divina que o CG faz e dificilmente uma Sentinela, Despertai ou
qualquer outra publicação do CG não conterá, pelo menos uma vez, a citação de –
Mt. 24:45 - e todas as vezes que aparece esta citação o CG está reivindicando ser ABSOLUTAMENTE inspirado (talvez muitas TJ não tenham se dado conta disto ainda, mas, aquelas que lerem a integra deste artigo, não poderão mais negar esta realidade - e se ainda tiverem como negá-la, espero que me escrevam explicando como)!
Inicio
analisando o contexto a fim de comprovar, “logo de cara” que a interpretação do
CG, que toma a passagem por profecia e não por aquilo que ela é – uma parábola
– já constituiu um 1º absurdo.
CONTEXTO - Entre Mat.
24:1 a 36 Jesus prediz os sinais de sua vinda e alerta, no v. 36, que sobre
o dia e hora em que virá, somente Jeová sabe, logo, sendo um fato de suma
importância, seria necessário viver atento, aguardando o retorno de Jesus, em
resumo, era necessário – estar vigilante.
O verso 37
deixa isto muito claro ao comparar seu retorno à chegada do dilúvio: pelo fato
da imensa maioria ter descuidado daquele trágico evento, para o qual foram alertados por Noé, acabaram sendo “varridos” pelo dilúvio (v.39)
e com base na analogia feita Jesus alerta (v.42) “mantenham-se vigilantes”. A partir
do verso 43 Jesus passa a contar algumas parábolas que visam, todas elas,
demonstrar os riscos de não estar vigilante:
-v. 43-44: Se o proprietário do imóvel souber
quando se dará um assalto em sua residência se prepararia para este momento,
mas como não sabe quando será precisa estar (como afirma o v. 44) vigilante pois o assalto se dará em dia e hora
desconhecida.
- v. 45 – 51: nestes temos a parábola do
“escravo fiel” e do “escravo mal”, no qual o tema permanece o mesmo
(necessidade de vigilância), como deixa claro o v. 46 (em relação ao escravo
fiel) – que só se tornaria feliz se na desconhecida data do retorno do amo
fosse encontrado fazendo aquilo que o amo mandou fazer e no v. 50 (em relação
ao “escravo mau”) quando afirma que o amo “virá num dia que não espera e numa
hora que não sabe e o punirá”.
Continuando
a ilustrar situações que requererem vigilância, há nova parábola no capítulo
25:
- Mat. 25:1 a 13 – Jesus conta a parábola
das 10 virgens e revela que aquelas que não se prepararam adequadamente ficaram
de fora. Concluindo Jesus, no verso 13 afirma: “estejam vigilantes pois
desconhecem tanto o dia quanto a hora”. E não para por aí!
- Mat. 25: 14 a 28 – Jesus conta a famosa
parábola dos “talentos”, no qual o senhor dos escravos, antes de viajar,
distribui entre eles seus “talentos” (segundo pesquisei e está o próprio
texto os “talentos” eram medidas de peso
em prata - 5 talentos
correspondiam a 150 quilos de prata) e, embora
o texto não afirme, certamente, o senhor dos escravos afirmou que eles deveriam
investir as quantias recebidas a fim de fazê-las multiplicar pois acertaria as
contas com cada um quando retornasse). Não sabiam os escravos quando retornaria
o senhor mas sabiam que teriam que prestar contas quando esse voltasse, portanto, deveriam estar – vigilantes.
Como se vê, Mat. 24:45 faz parte de uma série de parábolas que incentivam estar vigilante para a volta de Jesus.
Mas o CG
resolveu fazer algo fantástico: “pinçou” (parte) da parábola que se encontra
nos versos 45 a 47, a transformou-a (somente ela) em uma profecia (contrariando
todas as regras de hermenêutica que existem) e a aplicou a si mesmo, o que
deixa claro que o importante para as TJ não é aquilo que a Bíblia afirma mas
sim aquilo que o CG afirma que a Bíblia afirma!
No referido
texto (na Trd. do Novo Mundo com Referências) lemos:
“Quem é realmente o escravo fiel e
discreto a quem o seu amo designou sobre os seus domésticos, para dar-lhes o
seu alimento no tempo apropriado? Feliz aquele escravo, se o seu amo, ao
chegar, o achar fazendo assim! Deveras, eu vos digo: Ele o designará sobre
todos os seus bens.
Segundo tal
“profecia” uma classe de pessoas (cujo coletivo recebe o nome de “escravo fiel
e discreto”), classe iniciada com os
Apóstolos identificados na Bíblia e... (aqui há duas possibilidades que a
literatura do CG permite concluir): tal classe teria...
1 - ... passado por uma sucessão ao longo dos séculos (conforme os
Apóstolos foram morrendo, outras pessoas foram tomando os respectivos lugares,
mantendo a classe do “escravo fiel e prudente” sempre viva) ou teria...
2 - ... desaparecido completamente (com a morte do último dos apóstolos,
ainda no 1º século) e só teria ressurgido em 1870, quando surgiram os chamados
“Estudantes da Bíblia”, movimento iniciado por Charles Taze Russell e que
originou as atuais TJ.
O que é
“certo” nesta interpretação da passagem de Mateus é que Jesus, quando retornou
em 1914(!?), procurou entre todas as religiões da terra (dentre aqueles grupos
que se diziam cristãos) seu “escravo” e foi rejeitando um a um até que
encontrou e avaliou os “Estudantes da Bíblia”, reconheceu neles seu “escravo”
correspondente ao da era apostólica, os manteve sob observação até 1919, para
ver se estavam fazendo o que havia ordenado
(distribuir seu alimento no tempo apropriado) e com a confirmação,
elegeu tal escravo sobre todos os seus bens!
Pois bem!
Esta é a interpretação que o CG (em um outro artigo deste Blog vou apresentar
passagens de literatura do CG que revelam que é exatamente assim que eles
entendem que ocorreu entre 1014 e 1919)!
É muito óbvio que tal interpretação
(que, repito, pinça uma parábola que está em meio a outras parábolas que tratam
do mesmo tema e a transforma, apenas a ela, em profecia e se auto aplica) esta
absolutamente incorreta, porém, quando admitimos tal interpretação por verdadeira
(apenas para efeito de análise) e notamos suas implicações é que vemos que
qualquer grupo religioso que interpretar o texto de Mt. 24:45-47 da forma como
faz o CG e auto aplica-lo. estará:
REIVINDICANDO
SER INSPIRADO
Neste 1º
artigo a ideia será investigar a fundo esta passagem de Mateus (e seu
correspondente em Lucas) fim de comprovar que não pode o CG reivindicar ser o “escravo”
mencionado no texto e, ao mesmo tempo, se dizer não inspirado.
Neste
sentido nada melhor que iniciar por observar tais textos bíblicos no original
grego e para tanto busquei ajuda de um irmão na fé (Ricardo X.Vidal), que tem excelente conhecimento de grego
bíblico, e pedi para que analisasse o texto de Mt. 24:45 (bem como o de Lc.
12:42 que traz a mesma parábola) a fim de determinar:
- A quem o texto, em si, indica pertencer o alimento (espiritual) que o
“escravo” distribui (ao próprio escravo ou a Jesus).
É este o ponto chave que define a questão, pois,
admitindo a interpretação do CG por correta, temos que:
se o alimento ali referido pertence ao próprio
“escravo”, então,
o CG não é inspirado, porém, se a
propriedade do
alimento que distribui for de
Jesus, o CG só pode
pode ser - INSPIRADO – a não que
se admita que alimento fornecido
pelo próprio Jesus possa ser,
em alguma medida,
imperfeito!
- E aquilo
que define a questão (de forma expressa ou ao menos implícita) se concentra na
existência ou não do pronome possessivo “seu” (em Mateus) ou “sua” (em Lucas)
identificando a propriedade do alimento a ser distribuído. Se tais textos
contêm ou, ao menos, devem ser lidos com tais pronomes, então o CG é sim
Inspirado.
Obs- Em um outro artigo mais antigo deste Blog (O “Atravessador” Exclusivo de Alimento Espiritual e a “Rescisão DoContrato de Fornecimento”®), baseado naquilo que li na TNM
com Referências, defendi que a propriedade do alimento distribuído pelo “escravo”
é de Jesus, assim, a análise aqui também ajuda a confirmar o que afirmei
naquele artigo.
Para que se
entenda bem a ligação entre a existência (ainda que implícita) ou à
inexistência (absoluta) do pronome possessivo “seu” ou “sua”, relacionado ao alimento a ser distribuído, vou reproduzir abaixo os versos de Mateus e
de Lucas na TNM com Referências (que é de 1986 e que serviu de base para a escrita
do artigo acima indicado) e na TNM editada em 2015 (que só vim a ler
recentemente e que retira, exatamente, o pronome possessivo "seu" relacionado ao "alimento" – apenas no texto de Mateus):
Mateus 24 – TMN de 1986 e 2015, respectivamente:
“45Quem é realmente o
escravo fiel e discreto a quem o seu amo designou sobre os seus domésticos,
para dar-lhes o seu alimento no
tempo apropriado? 46 Feliz aquele escravo, se o seu amo,
ao chegar, o achar fazendo assim! 47Deveras, eu vos digo: Ele
o designará sobre todos os seus bens.
“45Quem
é realmente o escravo fiel e prudente, a quem o seu senhor encarregou dos seus
domésticos, para lhes dar o alimento no tempo apropriado? 46Feliz
aquele escravo se o seu senhor, quando vier, o encontrar fazendo isso! 47Digo
a verdade a vocês: Ele o encarregará de todos os seus bens.
Lucas 12 – TMN de 1986 e 2015, respectivamente:
“42E o Senhor disse:
“Quem é realmente o administrador fiel, o prudente, a quem o seu senhor
encarregará do grupo de assistentes para sempre dar a eles a sua medida de mantimentos no tempo
apropriado? 43Feliz aquele escravo se o seu senhor,
quando vier, o encontrar fazendo isso! 44Eu vos digo
verazmente: Ele o designará sobre todos os seus bens.”
“42E o
Senhor disse: “Quem é realmente o administrador fiel, o prudente, a quem o seu
senhor encarregará do grupo de assistentes para sempre dar a eles a sua medida de mantimentos no tempo apropriado? 43Feliz
aquele escravo se o seu senhor, quando vier, o encontrar fazendo isso! 44 Digo
a verdade a vocês: Ele o encarregará de todos os seus bens.
Como se vê,
a leitura dos versos 45 (em Mateus) e 42 (em Lucas) indica que: se o pronome
possessivo estiver presente (explicita ou implicitamente) nos versos, a
propriedade do alimento distribuído é de Jesus, porém, se for omitido o pronome
(o que ocorre semente no texto de Mateus, na tradução de 2015) o texto deixa de indicar
(expressamente) a quem pertence o alimento distribuído (e neste caso poderá
pertencer a Jesus ou ao “escravo”).
Sendo assim,
passo a analisar a questão a partir da gramática grega e depois de acordo com o
contexto no qual os versos estão inseridos.
Em ambas as
análises a conclusão é a mesma – o alimento pertence a Jesus, logo, o CG (se
verdadeira sua interpretação e reivindicação sobre o texto) tem que ser
inspirado como eram os escritores bíblicos, não há outra opção (a não ser que,
insisto, admitamos que Jesus alimenta seus “domésticos”, via CG, com alimento espiritual
que pode ser, aleatoriamente: verdadeiro, falso ou semifalso, mas que, não obstante, deverá ser defendido pelas TJ como a verdade - como aquilo que a Bíblia
realmente ensina!
MATEUS 24:45 e LUCAS 12:42 NO ORIGINAL GREGO:
Analisadas
as passagens no grego, me foi informado que: dentre as palavras presentes nos
versos analisados, não consta, expressamente, a palavra grega que, uma vez
traduzida, resulta nos pronomes “seu” ou “sua” relacionados ao alimento, porém, que tal pronome está
implicitamente presente no texto, logo, deve ser incluído na tradução.
- Esta informação fica
muito clara quando analisamos tais passagens na Tradução Interlinear das
Escrituras Gregas (em Inglês), publicada pelo CG.
Tal publicação contêm o
texto grego e duas traduções dele para o inglês: uma feita abaixo de cada
palavra grega (razão da tradução se chamar “interlinear”) e outra na margem
direta do texto, traduções que divergem entre si (a tradução abaixo de cada
palavra não é, simplesmente, repetida na margem, há diferenças). Isso pode ser
visto nas imagens abaixo, na qual se nota que tanto no texto de Mateus como no
de Lucas, na tradução “entre linhas” não aparece (entre outras) a palavra
“their” (“seu[s]” ou “sua[s]” em português - relacionada ao alimento
que deve ser distribuído pelo escravo), mas aparecem na tradução que está na
margem direita. Veja abaixo:

O fato da tradução interlinear não conter o
pronome possessivo (entre outras palavras que estão na tradução encontrada na
margem) se dá em razão do tradutor se preocupar apenas em traduzir, palavra a
palavra, o texto grego, sem se preocupar com o significado do texto que o
conjunto de palavras traduzidas, uma a uma, irá formar, isso fica para a
tradução marginal e é por isso que ali vemos os pronomes possessivos "THEIR" “seu” (alimento) em Mateus e “sua” (medida de
alimento) em Lucas, a fim de revelar o sentido do texto em seu conjunto, isso
porque, tais pronomes estão implícitos no texto e portanto podem ser
explicitados na tradução marginal sem que isso configure uma tradução indevida
ou uma violação do texto sagrado.
Não incluir o pronome
possessivo, que identifica o proprietário do alimento que o escravo distribui,
também não implica em uma violação do texto bíblico, pois, com isto o único
“prejuízo” é que o texto, em si, deixa de indicar, expressamente, quem é
proprietário do alimento que deve ser distribuído (Jesus ou do próprio
“escravo”), porém, o contexto continua indicando que o alimento só pode ser da
propriedade de Jesus. É que demonstro abaixo:
O CONTEXTO DE MATEUS 24:45:
Vou
reproduzir novamente o texto de Mateus na única versão da TNM (pelo
menos que eu conheça) que não traz o pronome possessivo “seu” (relacionado ao
alimento) no verso 45 para demonstrar que, “no final das contas”, o contexto
imediato da passagem continua indicando que o alimento a ser distribuído
pertence a Jesus.
Obs – Na realidade, esta parábola termina no verso 51 mas apenas até o
verso 47 já suficiente para definir, na verdade, a três questões, sendo que
aqui só tratarei de uma delas – de quem é a propriedade do alimento que o
escravo deve distribuir:
“45Quem
é realmente o escravo fiel e prudente, a quem o seu senhor encarregou dos seus
domésticos, para lhes dar o alimento no tempo apropriado? 46Feliz
aquele escravo se o seu senhor,
quando vier, o encontrar fazendo isso! 47Digo a verdade a
vocês: Ele o encarregará de todos os seus bens.
Notem o SE (no início do verso 46), o escravo só se
tornaria feliz e seria encarregado sobre todos os bens do amo SE, ao
retornar o Amo o encontrasse fazendo aquilo que lhe ordenou que fizesse, ou
seja: “...lhes dar o alimento
no tempo apropriado”?
A
inexistência do pronome “seu” no trecho entre aspas acima deixar de
identificar, de forma direta, a propriedade do alimento distribuído, porém, o
trecho sublinhado continua fazendo tal identificação. Pensemos:
Se o alimento distribuído for uma produção do próprio “escravo”, um
“escravo” não inspirado, então, é certo que o alimento distribuído estará
repleto de deficiências, refletindo as deficiências humanas dos humanos autores
de tal alimento espiritual e é exatamente isso que a Despertai citada afirma
que ocorre. Relembre uma das citações:
Não significa que os escritos nesta
revista A Sentinela são inspirados e infalíveis e sem erros”.
(Setembro de 1947, página 135)
Sendo esta a realidade cabe perguntar:
EXISTE
MOMENTO APROPRIADO PARA QUE OS
“DOMÉSTICOS” DE JESUS CONSUMAM
ALIMENTO
ESPIRITUAL FALÍVEL e COM ERROS”?
JESUS O PERMITIRIA?
Outro detalhe que “salta aos olhos” no contexto dos versos 24:45 de
Mateus e 12:42 de Lucas e que todos seus elementos pertencem ao Jesus, logo, o alimento também pertence a Ele. Notem:
Mateus:Lucas
O “escravo”
ou “administrador” pertence a Jesus, os “domésticos” ou os “assistentes” também
pertencem a Jesus, assim, não
haveria porque apenas o alimento a ser distribuído não ser de Jesus e se o alimento é de Jesus,
certamente, ele reflete a pessoa de Jesus, que segundo a Bíblia:
- É o caminha a verdade e a vida (Jo. 16:6) é o pão da vida (Jo. 6:48),
a água da vida (Jo. 14:4), a verdadeira comida e bebida (Jo.6:55), a videira verdadeira (Jo. 15:1), luz do mundo
(Jo.8:12), o verbo (Jo.1:1), a palavra da vida (IJo.1:1), o autor e consumidor
da nossa fé (Hb. 12:2), o Bom Pastor (Jo. 10:11 e 14), o único mediador entre
Deus e os homens (1Tm. 2:5).
Devemos
acreditar que alguém que tem tais qualificações fornece alimento espiritual estragado para ser distribuído ou permite que seu o
escravo assim o faça, em prejuízo de seus "domésticos"?
Como a
resposta, evidentemente, é NÃO, então, como poderia o próprio Jesus
aprovar um “escravo” que distribui, continuamente, a seus “domésticos” alimento
espiritual estragado?
Como se vê,
“há para onde ocorrer”, mesmo sem o pronome possessivo “seu” expressamente
presente no texto de Mateus (o que só ocorre na TMN de 2015), o alimento que o escravo distribui só pode pertencer a Jesus
e creio que você, assim como eu, está certo(a) que nenhum alimento espiritual
fornecido por Jesus pode conter erros.
A mesma
lógica vale para o texto paralelo de Lucas (que também não apresentam o pronome
possessivo, explicitamente, ligado ao alimento, o que não impediu os tradutores
da TMN de inclui-lo na tradução).
Sendo assim, só restam 3 possibilidades:
- Ou os
textos de Mateus e Lucas não podem ser interpretados como o CG o faz, isto é,
tomando-o por uma profecia (o que não tem nenhum cabimento).
- Ou a
interpretação do CG está correta e neste caso o CG é inspirado.
- Ou a
interpretação do CG está correta e o CG não foi eleito por Jesus em 1919, pois,
o “escravo TJ”, encontrado por Jesus, conforme confessou o CG recentemente, comete:
12 ...
erros aos explicar assuntos da Bíblia ou ao dar orientações. Tanto é que no
Índice encontramos o assunto “Esclarecimento de Crenças”, com uma lista de
ajustes em nosso entendimento da Bíblia desde 1870.
Como se vê, desde 1870, o
“escravo TJ” já fornecia alimento espiritual contendo erros aos “domésticos” e ensino
bíblico com erros nunca será “alimento no tempo apropriado”!
Por fim, confessando que nunca
fez nem fará aquilo que o amo lhe mandou fazer (fornecer alimento espiritual no
tempo apropriado) afirma (logo na sequência da Sentinela acima mencionada – 2/2017,
p.26, §12) que:
Na verdade, Jesus não disse que o
escravo ia dar
alimento espiritual perfeito.
- Ocorre que, ao confessar isto, o CG afirma uma
verdade mas o faz pela razão errada!
A intenção foi
informar para as TJ (a Sentinela citada é uma revista para estudo interno, ela não é
distribuída publicamente) que devem se conformar com o alimento espiritual defeituoso
que recebem do CG sem reclamar nem se opor, afinal, Jesus nunca afirmou que o
CG lhes forneceria alimento perfeito (foi assim que Jeová determinou)!
É verdade
que Jesus nunca afirmou o que se lê no trecho em negrito acima e precisamos entender a verdadeira razão de não o
ter afirmado e para descobrir, em primeiro lugar, precisamos analisar o que ele
afirmou (vou usar abaixo o texto de Lucas, pois, todas as versões da TMN incluem
o pronome possessivo “sua” relacionada ao alimento):
“Quem é realmente o administrador fiel,
o prudente, a quem o seu senhor encarregará do grupo de assistentes para sempre
dar a eles A SUA MEDIDA de
mantimentos no tempo apropriado?
Oque a Bíblia afirma,
categoricamente, é que o alimento que o administrador (CG) fornece aos
assistentes (TJ), pertence ao Senhor (Jesus).
Mesmo que
retirássemos o pronome possessivo (sua) do texto, ainda assim, só poderíamos entender
que a “medida de mantimentos”, distribuído pelo escravo, vem de Jesus, afinal, nunca
haverá tempo apropriado para se consumir alimento espiritual que
contenha erros e a única forma de garantir que a “medida de mantimentos” seja
perfeita é se está pertencer a Jesus. Visto que o Jesus afirmou vejamos, de
novo, o que afirmou o CG:
Na verdade, Jesus não disse que o
escravo ia dar
alimento espiritual perfeito.
Realmente! “Na
verdade, Jesus não disse que o escravo ia dar alimento espiritual...” (produzido
pelo próprio escravo)... ALGUM (a ele cabe, apenas, distribuir o alimento que recebe de
Jesus).
- Mas se
você, TJ que lê este artigo, acreditar (e a Bíblia não lhe deixa
opção) que o alimento distribuído pelo escravo vem de Jesus, então, você deverá
ler a afirmação da Sentinela da seguinte forma:
Na verdade, Jesus não disse que daria a seu
escravo alimento
espiritual perfeito.
O que cria um sério problema:
Jesus, por ser o fornecedor do
alimento que as TJ
recebem, via escravo, é o responsável pelos
erros que as TJ aprendem!?
Se você, TJ
que lê este texto, acreditar no que se lê acima (e o ensino do CG sobre o tema
não permite outra conclusão) então preciso reavivar um conselho dado pelo CG (a
pessoas de outras religiões, obviamente) mas que se aplica muito bem a você (os
trechos em azul revelam adaptações no texto
original para que possa ser lido por TJ).
Você precisa
examinar (...)
o que é ensinado pela organização religiosa com a
qual se associou. Estão os seus ensinos em plena harmonia com a Palavra
de Deus ou baseiam-se apenas na tradição de ensino dos homens do CG? Se amar
a verdade, não precisará temer tal exame.
Cada um de nós deve ter o desejo sincero de aprender a vontade de Deus para nós
e depois fazê-la. — João 8:32.
S. 15/9/69, p. 550
Já partindo
para encerrar esta 1ª parte deste artigo, indico que a cada vez que o CG cita Mt. 24:45 (é
difícil encontrar uma publicação do CG que não mencione este verso bíblico pelo
menos uma vez) ele está reivindicando ser inspirado e o fato de negar que o
seja, algumas raras vezes, não apaga tal reivindicação, pelo contrário, revela
apenas que o CG mente e, “à reboque”, leva todas as TJ a mentiram juntamente sobre este tema!
Na próxima parte deste artigo apresentei uma amostra de outras afirmações do do CG que, das
formas mais variadas, reivindicam, claramente, a inspiração divina, sendo que estas, juntamente com as citações de Mt. 24:45, compõem uma verdadeira "enxurrada" de reivindicações de inspiração divina.
Para encerrar cito mais
uma afirmação do próprio CG, que revela que não é possível exigir que as TJ
encarem a literatura do CG com a autoridade de ensinos inspirados e, ao mesmo
tempo, as façam mentir afirmando que tal literatura não é inspirada.
Não pode haver duas
verdades, quando uma não concorda com a outra. Ou uma ou a outra é verdadeira,
mas não ambas.
(Lv. Poderá Viver... p. 32, §19).
------------------------------
Você discorda? Me diga a razão. Você vai continuar
acreditando que o CG não é inspirado pelo simplesmente fato do mesmo afirmar
que não é, pouco importando o que afirma a Bíblia? Nem sei o que dizer! Quer
criticar este artigo de alguma forma ou quer agregar outros argumentos a ele?
Me escrava, desde já agradeço.
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